Dedique sua vida ao próximo. Isso trará sorrisos, amigos e força para as horas duras. O desapego é difícil, mas a hora que você se identificar com o próximo [empatia - grego empátheia, -as, paixão] e se dedicar à felicidade delx tanto quanto à sua, a paz interior será alcançada.
terça-feira, 21 de abril de 2015
domingo, 9 de março de 2014
Dia Internacional do ser humano
Clichês e pontos de vista a parte, acredito no seguinte: o
dia internacional da mulher é uma forma de reconhecer a importância da mulher.
É uma homenagem baseada num acontecimento (veja aqui), e que serve para tentar
igualar os gêneros, masculino e feminino, em relação às justiças e ao que mais
puder ser valorado entre ambos.
Acho, particularmente, uma maneira precária de se homenagear
e tentar equivaler homens e mulheres. Você quer homenagear as mulheres da sua
vida? Todos os dias são importantes, pra começar. Não tem um dia especial pra
elas, mas todos. Torne-os todos [especiais]. Assim como pra todos os seres
humanos a sua volta. Homens ou mulheres, tanto faz. Essa mania de dividir as
pessoas em grupos, gêneros, raças, é nociva e absurda. Serviu para
conquistadores e detentores de poder pra controlar e “educar” suas populações,
além de cultivar um sentimento de patriotismo que é um câncer no planeta.
Trate as mulheres da sua vida com respeito. Com IGUALDADE.
De ser humano, para ser humano. Você, mulher, não peça pro cara abrir seu vidro
de azeitona. Seque as mãos, pegue um pano ligeiramente úmido, firme os dedos a
partir dos músculos da sua mão, e ABRA o vidro SOZINHA. O ato simples de pedir
para o rapaz abrir seu pote de azeitonas, creia-me, é submeter-se a ele. É
dizer “sou mais fraca que você”. Não faça isso. Você não precisa disso.
Pra um dia homens e mulheres, sejam eles de quais cores
forem, quaisquer que sejam seus idiomas, não precisarem de um dia especial, é
muito simples: trate o ser humano ao seu lado, a qualquer momento, quem quer
que seja ele, da melhor forma possível. Vocês não são diferentes em qualquer
sentido. E se você merece respeito e liberdade, elx também.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
O Caminho
Caminhava. Cansara-se. Havia perdido a noção do tempo, mas
ainda era dia. Ou acabara de amanhecer? Não sabia. Apenas andava, andava e
andava. As folhas secas fazendo um barulho calmante e leve sob seus pés, quase
como se agradecessem que pisasse sobre elas. As árvores balançavam preguiçosamente
com uma brisa fresca e leve, que mantinha o clima agradável e convidativo para
uma caminhada, meio que hipnotizando.....”venha...caminhe....sim, entre e
ande...não tenha medo.”
Mas...o que estava fazendo ali? Não lembrava...tantos foram
os passos para chegar até aquele lugar, tantas estradas percorridas, decisões
tomadas...e ainda não descobrira o que estava fazendo por aquelas bandas.
Talvez estivesse procurando algo...ou quem sabe fosse encontrar alguém? Ou
levando o cachorro pra passear...mas espera...estava só; não tinha cachorros.
Lembrou-se então de um lugar que vira, nalgum dia da sua
vida, e que talvez fosse onde estivesse tentando chegar. Na época parecia que era
algo inalcansável, mas agora não se sentia diante de quaisquer obstáculos para
encontrar esse lugar. Resolveu apressar o passo, animando-se com a nova
perspectiva. Sempre tememos o desconhecido, afinal, pois temos nossa zona de
conforto e acomodamo-nos facilmente com as situações, mesmo as piores ou mais
precárias. Qualquer coisa fora disso nos parece estranha e, algumas vezes, até
assustadora. Porém, quando se dá um passo nessa direção nova e estranha, você
percebe maravilhado que há todo um mundo lá fora, toda uma nova situação e que
ela vai ser boa ou ruim dependendo apenas de você. A sua vontade e a sua crença
em algo novo é o que move o seu mundo e o torna mais ou menos assustador. Mas
se você tiver os pensamentos fluindo corretamente, ele pode ser maravilhoso.
Descobriu uma trilha em meio às folhas secas. “Uma trilha
sempre leva a algum lugar”, pensou, e resolveu segui-la. O caminho contorcia-se
languidamente entre as arvores de um bosque vermelho-amarelado pelo outono. No
entanto, as folhas ainda não haviam caído de todo, e a sombra era fresca e
confortável. O cheiro da vegetação era quase inspirador; podia-se flutuar em
meios as faias. Podia se lembrar de ter passado em um lugar semelhante em algum
ponto muito lá atrás, mas a lembrança era vaga. Sim, pois o que importa é o
agora, você colhe aquilo de que se lembra, aprende algo, mas vive a intensidade
do agora.
Então as árvores foram se afastando. Uma clareira pequena
abriu-se diante de seus passos leves e então foi que a viu. Estava lá, o tempo
todo, esperando ser descoberta. Lembrava-se daquilo de algum momento, mas não
sabia de qual.
No centro da clareira, cercada por algumas árvores menores e
todo um chão atapetado de folhas trazidas pelo vento, erguia-se uma bela
cabana. Suas paredes de tijolos vermelhos estavam cobertas por arbustos e
trepadeiras que a mesclavam amigavelmente com a vegetação. O telhado alto e
rústico parecia uma capa para proteger a pequena construção dos dias mais
frios. O caminho terminava em uma porta no meio da parede lateral. Lá dentro, o
silêncio.
Não sabia se batia, ou se tentava entrar. Uma luz tênue e
avermelhada vinha do seu interior, através das janelas cerradas por cortinas
brancas. Da chaminé emanava uma lenta e sonolenta fumaça, fraca e balouçante. A
brisa agora havia quase que cessado por completo, e o ar estava leve e
descontraído.
Aproximou-se da porta. Todo aquele caminho, cheio de voltas
e contratempos, de pessoas e trilhas que levavam hora a incríveis descobertas,
hora a lugar nenhum, vieram-lhe à mente. Tudo o que havia sido, o que tinha
feito, o que aprendera; nada disso ajudava muito na decisão agora. O ar da
floresta, o cheiro da folhagem e a temperatura tinham um efeito quase
entorpecente, mas ao mesmo tempo encorajador. Afinal, o modo como você vê e
reage ao mundo, é sua decisão. Pegou na maçaneta.
Girou.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
A Última Coca-cola do Deserto.
Ontem estava voltando para casa, após comprar algumas coisas no mercado, e vinha assim, calmamente, tomando uma coca. A última coca-cola do deserto.
Sim, eu tomei. A última.
Pelo menos para mim, essa foi a última. Até resolvi guardar a lata, como recordação de uma resolução que eu venho tomando nos últimos....dez anos. Parar de tomar coca-cola. Já ensaiei, e espero que desta vez seja pra valer. Afinal, não lembro de nada legal que tenha acontecido comigo nos momentos em que tomava uma, só lembro da gastrite depois me castigando.
E....e....é isso. Adeus coca-cola.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
le monde
A inspiração,
vai e e vem, à tona.
Quando aparece a sua inspiração?
Sua vontade, seu coração, sangue nas veias
O que te faz sentir-se vivo?
O sol e o vento gelado, a segunda taça de vinho
Uma passagem em seu livro favorito,
uma xícara de café quente e forte, um desenho, uma pintura, a música
Sim, há música, em tudo que você procurar
basta ter presença de espírito e não deixar-se contagiar pelo cinza e rotineiro.
Sim, eu sei de onde vem minha inspiração.
Ela vem de você.
Quando aparece a sua inspiração?
Sua vontade, seu coração, sangue nas veias
O que te faz sentir-se vivo?
O sol e o vento gelado, a segunda taça de vinho
Uma passagem em seu livro favorito,
uma xícara de café quente e forte, um desenho, uma pintura, a música
Sim, há música, em tudo que você procurar
basta ter presença de espírito e não deixar-se contagiar pelo cinza e rotineiro.
Sim, eu sei de onde vem minha inspiração.
Ela vem de você.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
O Significado da Sua Existência
A vida toda corremos atrás de alguma coisa. Eu sempre corri atrás de algo, que eu jamais soube explicar. Nós lemos, e refletimos. E ouvimos nossos pais, ou quem quer que nos tenha criado. E fazemos nossas as verdades deles. Nós assistimos TV e ouvimos nosso professores, e a maioria de nós toma por verdade tudo isso. Os grupos se formam, e você só sente melhor se pertencer a algum desses grupos. Todas as verdades, que regem a sociedade e por conseguinte, o ser humano, são lançadas sobre você. Tanto é que agora, você, sentado aí, é um produto do pensamento e da conduta de centenas de outras pessoas, de idéias exteriores e aprendizados que você não pediu para serem gravados em você.
Tenho pensado e as vezes escrito sobre isso a anos, pois é através desse dilema humano que nós entramos em crises existenciais. E se entramos nessas crises, ou seja, se algo dentro de nós contraria algumas (ou as vezes todas ) dessas verdades, é porque originalmente nós viemos com alguma carga; nossa alma chegou a esse mundo (pressupondo que você acredite em alma) com algo inerente apenas a ela, tornando-a única. E sua essência, sendo confrontada com essa tonelada de informação externa, acaba se confundindo e causando muitos problemas. Você as vezes acaba perdendo a sua identidade, as vezes esquece como é sentir. E o ritmo cada vez mais acelerado da nossa existência, não nos permite refletir sobre as coisas mais importantes que existem na vida. E acabamos por apenas passar por ela, por não nos conhecermos, por não aproveitarmos a existência de maneira profunda e com algum significado.
O Grande Vazio
Hoje eu bem sei o que busco. Não que eu esteja próximo de alcançar, visto que o conhecimento de saber o que se quer dessa vida significaria menos de 1% do caminho. Mas só de ter consciência clara sobre isso, já é um passo na direção correta.
Durante algum tempo da minha vida eu não tinha base alguma para direcionar minha moral e os meus ideais. Não que eu fosse um amoral, fui educado em uma religião cristã, fui educado por mais conscientes (em certos aspectos), sobre o que é errado e o que não é. Mas como muita gente, faltou algo mais profundo. Meus pais não fizeram mais do que passar a religião que lhes foi passada, e me educar sobre o que é certo e errado baseado no que a sociedade diz que é, e ponto, sem questionamentos. Ou seja, daí podemos deduzir que somos apenas orientados a aceitar qualquer verdade, sem questionamentos. Não nos ensinam a questionar. Nos ensinam a aceitar.
Porém, chegou um momento em que, obviamente, comecei a me questionar. As dúvidas iam se acumulando, e minha vida não adquiria propósito para existir, algumas vezes, aquele imenso vazio de ir em uma direção, mas sem saber o significado, ia se intensificando a ponto de causar –me grande angustia. Nem Deus, nem a ciência, nem a família, aparentemente, nada fazia sentido. Eu via cada vez mais pessoas que buscavam sempre o maior lucro possível, dessa maneira criando coisas cada vez mais simplificadas, mais perecíveis, conhecimento mais superficial, relacionamentos relâmpago, baseados em virtudes que nem de longe eram virtudes de um ser humano guiado por uma ética universal. E as musicas, os programas de TV, tudo o mais foi se afunilando para obter o maior lucro possível numa quantidade mínima de tempo, e de preferência, de maneira cíclica. E as pessoas infelizes se satisfazem em lojas, comprando. Acostumamo-nos a disfarçar o grande vazio comprando coisas. A felicidade causada pelo materialismo é curta e repetitiva, um modelo perfeito de objetivo para uma sociedade alicerçada no capitalismo. Mas as pessoas percebem, cedo ou tarde, que essa felicidade causada pelo consumismo não elimina as suas dúvidas, suas questões essenciais, sobre a existência, sobre a felicidade, sobre a paz. Elas epenas saciam uma vontade mundana, que amanha estará voltada para outro objeto qualquer.
Eu não sou um monge que vai viver frugalmente por aí. Eu gosto de ter minhas coisas e meu conforto. Mas estou cultivando um modo de pensar que me ensina a ver as coisas como elas são. Estamos tão ligados à felicidade instantânea causada por esse mundo moderno, que somos incapazes de apreciar uma bela cachoeira, um por do sol, ou mesmo a chuva. Não há tempo. O mundo gira cada vez mais rápido, e os seres humanos estão cada vez mais deixando essa parte de “humanos” de lado.
O grande vazio que eu estou conseguindo suprimir da minha existência, é algo, acredito, que deva antes ser alcançado e visualizado, para depois deixar de ser temido. E é sobre isso que vou falar no próximo post.
Tenho pensado e as vezes escrito sobre isso a anos, pois é através desse dilema humano que nós entramos em crises existenciais. E se entramos nessas crises, ou seja, se algo dentro de nós contraria algumas (ou as vezes todas ) dessas verdades, é porque originalmente nós viemos com alguma carga; nossa alma chegou a esse mundo (pressupondo que você acredite em alma) com algo inerente apenas a ela, tornando-a única. E sua essência, sendo confrontada com essa tonelada de informação externa, acaba se confundindo e causando muitos problemas. Você as vezes acaba perdendo a sua identidade, as vezes esquece como é sentir. E o ritmo cada vez mais acelerado da nossa existência, não nos permite refletir sobre as coisas mais importantes que existem na vida. E acabamos por apenas passar por ela, por não nos conhecermos, por não aproveitarmos a existência de maneira profunda e com algum significado.
O Grande Vazio
Hoje eu bem sei o que busco. Não que eu esteja próximo de alcançar, visto que o conhecimento de saber o que se quer dessa vida significaria menos de 1% do caminho. Mas só de ter consciência clara sobre isso, já é um passo na direção correta.
Durante algum tempo da minha vida eu não tinha base alguma para direcionar minha moral e os meus ideais. Não que eu fosse um amoral, fui educado em uma religião cristã, fui educado por mais conscientes (em certos aspectos), sobre o que é errado e o que não é. Mas como muita gente, faltou algo mais profundo. Meus pais não fizeram mais do que passar a religião que lhes foi passada, e me educar sobre o que é certo e errado baseado no que a sociedade diz que é, e ponto, sem questionamentos. Ou seja, daí podemos deduzir que somos apenas orientados a aceitar qualquer verdade, sem questionamentos. Não nos ensinam a questionar. Nos ensinam a aceitar.
Porém, chegou um momento em que, obviamente, comecei a me questionar. As dúvidas iam se acumulando, e minha vida não adquiria propósito para existir, algumas vezes, aquele imenso vazio de ir em uma direção, mas sem saber o significado, ia se intensificando a ponto de causar –me grande angustia. Nem Deus, nem a ciência, nem a família, aparentemente, nada fazia sentido. Eu via cada vez mais pessoas que buscavam sempre o maior lucro possível, dessa maneira criando coisas cada vez mais simplificadas, mais perecíveis, conhecimento mais superficial, relacionamentos relâmpago, baseados em virtudes que nem de longe eram virtudes de um ser humano guiado por uma ética universal. E as musicas, os programas de TV, tudo o mais foi se afunilando para obter o maior lucro possível numa quantidade mínima de tempo, e de preferência, de maneira cíclica. E as pessoas infelizes se satisfazem em lojas, comprando. Acostumamo-nos a disfarçar o grande vazio comprando coisas. A felicidade causada pelo materialismo é curta e repetitiva, um modelo perfeito de objetivo para uma sociedade alicerçada no capitalismo. Mas as pessoas percebem, cedo ou tarde, que essa felicidade causada pelo consumismo não elimina as suas dúvidas, suas questões essenciais, sobre a existência, sobre a felicidade, sobre a paz. Elas epenas saciam uma vontade mundana, que amanha estará voltada para outro objeto qualquer.
Eu não sou um monge que vai viver frugalmente por aí. Eu gosto de ter minhas coisas e meu conforto. Mas estou cultivando um modo de pensar que me ensina a ver as coisas como elas são. Estamos tão ligados à felicidade instantânea causada por esse mundo moderno, que somos incapazes de apreciar uma bela cachoeira, um por do sol, ou mesmo a chuva. Não há tempo. O mundo gira cada vez mais rápido, e os seres humanos estão cada vez mais deixando essa parte de “humanos” de lado.
O grande vazio que eu estou conseguindo suprimir da minha existência, é algo, acredito, que deva antes ser alcançado e visualizado, para depois deixar de ser temido. E é sobre isso que vou falar no próximo post.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Perseverança
Eu acreditei.
Acreditei na esperança.
Acreditei no entusiasmo.
Acreditei nos Franciscos, nos animais e na empatia.
Acreditei em todos os anos de sofrimento. Acreditei em toda uma vida de luta dura,
De verdade obscura sendo enfrentada e passada pra trás.
Acreditei nas imensas pedras esmeraldas que brilhavam ao me aproximar.
Olhei pra elas de perto, e vi que ali haviam almas me observando.
Acreditei em cada palavra, cada gesto, como se fossem meus próprios.
Não é necessária muita coragem para se falar, mas deve haver muita para se acreditar em algo.
Acreditei no entusiasmo, nos pequenos detalhes, na dedicação. Acreditei em simbologias, acreditei em almas antigas, acreditei em tudo que pode se acreditar em um mundo onde as pessoas são o que mostram ser.
Acreditei nas músicas, e em todos os degraus que eu teria que percorrer, suor, sangue e cansaço, mas permeados constantemente de coragem, de olhares significativos, de palavras doces e de desejo irreprimível.
Olhei no espelho, desconfiei, enxerguei dentro da minha alma o que eu poderia me tornar, o que eu estou me tornando, e mesmo o preço sendo alto, eu me lancei.
Confrontei o abismo, larguei meus medos pra trás, e encarei uma viagem que, não sabia, jamais terá volta.
Em meio a tudo isso, descobri de onde veio e pra onde vai a minha alma. O que antes era incerteza, tornou-se um porto seguro para meus ideais. As pessoas deviam fincar suas ações em seus ideais e sincronizarem seus pensamentos com suas palavras. E sempre, sempre, pensar e agir baseados no interior da alma.
Em algumas luas e noites frias, percebi que não havia motivo para ter medo. Acreditei em todos os sinais que o Universo havia colocado lá, naquele momento, para que eu encontrasse e mudasse meu modo de ver o mundo e as pessoas.
Eu tinha vários ferimentos. Todos temos. E um a um, impressionantemente, fui curado de todos. E a ausência do medo me tornou temerário. Eu fiquei confiante, baixei minhas defesas e de peito aberto resolvi aceitar o mundo.
Uma faca de dois gumes.
Eu acordei em minha cama. Não havia luz. Apenas uma penumbra. O perfume do jardim havia se dissipado. As vontades e a confiança estavam nubladas. Os sons que antes me faziam pensar claramente deram lugar ao meu cérebro, gritando uma onda de perguntas sem nexo que ocupam minha mente até agora.
Tudo em que acreditei, perdeu-se no abismo. Ainda sobra a vontade de evitar o encontro com o chão derradeiro. Mas a sensação de que ele está se aproximando não é muito boa. É um pesadelo.
E você, caro leitor, deve estar se perguntando “Meu Deus, o que diabos aconteceu com esse cara!?”
Eu simplesmente acreditei.
As pessoas deveriam ser absolutamente sinceras umas com as outras. E balancear isso com dois fatos muito importantes:
primeiro: ser sincero consigo mesmo, sempre. E segundo, saber que tudo que você diz para alguém, cativado por você, é de muita responsabilidade e pode gerar conseqüências muito graves. Se você se dispõe (teorizando que vc seja uma pessoa adulta e bem resolvida) a fazer as pessoas acreditarem em suas intenções, você tem, oras, que bancar suas ações. Suas palavras. Agir com responsabilidade. Puxar alguém para um abismo sem ao menos checar se a pessoa quer, ouse pelo menos está de paraquedas, é algo adolescente de se fazer.
Mas hoje, com o mundo como está, as pessoas são assim. São filas e filas de pessoas que ao menor sinal de problema em um relacionamento, ou na família, ou no trabalho, simplesmente dão as costas e agem como se nada tivesse acontecido. Se é a família, você dá as costas. Se é um namorado, rolo, ficante, você não permite que ambos passem por dificuldades.
Os jovens de hoje, a cada dificuldade, simplesmente partem para outra. Trocam de namorado, saem de casa, trocam de emprego. Não estou generalizando, mas amigos, ouçam: isso não é atitude. É covardia. Seus pais, seus avós, não sentaram juntos na varanda e deram risadas aos 80 anos agindo assim. Eles foram perseverantes, souberam aceitar os defeitos e ver o mundo um dia de cada vez. Hoje não estamos bem, amanha essa dificuldade não estará mais aqui. Isso atualmente chama-se pensar de maneira empreendedora. É isso que faz empreendedores terem mais sucesso. Eles conseguem viver com incertezas hj, pensando no dia de amanhã. Esse é o verdadeiro significado de liberdade.
Enfim, estou absolutamente cansado do modo como as pessoas agem hoje em dia. Sou antiquado, sou romântico, e infelizmente, acredito no bem que há nas pessoas. Apesar de algumas vezes não conseguir cumprir minha palavra, a palavra, a honra, é a coisa mais importante que eu vejo em uma pessoa. Honrem sua condição de ser humano nessa terra, pessoas.
Eu resolvi acreditar. Eu deixei essa crença me consumir. E agora meu sangue está totalmente correndo ao contrário nas minhas veias, a tal ponto que só de ouvir meu próprio nome me dá calafrios.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Verdades Relativas e as Mentes subjetivas
Chega um momento na vida das pessoas (que começo clichê) em que algo definitivamente se rompe na frágil mente humana. Devido a uma serie de fatores, a não ser que você sempre busque uma overdose de realidade, constante, guiando você, algo começa a mudar a direção das coisas.
Pode ser a sua criação, pode ser o modo como você aprendeu as coisas na escola. Pode ter sido um professor mais rígido ou particularmente hipnotizante. Pode ter sido seus pais que deram a você o modo de ver as coisas hoje; ou você pode ter sido criado em um orfanato por freiras devotas a Deus e aos costumes católicos. Ou como Dexter, você foi um fodido. Indiferentemente a isso, tudo o que está guiando você para a decisão que você vai tomar (ou acabou de tomar), são baseadas nessas marcas e aprendizados que você trouxe durante toda a sua vida, balanceados pelo bom senso que existe em você, inerente à sua alma. Algo que ninguém te ensinou, que você não captou do meio exterior. Algo que define exatamente quem é você, e o porque de acabar agindo da maneira como age.
O conflito existente entre as coisas que as pessoas, baseadas em seu próprio bom senso, ensinaram (ou gravaram a ferro) a você, e esse seu eu que é infinitamente mais antigo que esse aprendizado externo, é a essência de tudo com que lidamos, aceitamos ou combatemos durante toda a nossa vida. E é quando você começa a confrontar as verdades que jogaram na sua cara, meus caros, que o conflito se faz presente.
Esse conflito pode durar sua vida inteira. Ele não tem hora para começar, mas acredite, ele vai começar alguma hora, em todas as pessoas. Chega um determinado momento em que seu ego, sua alma, seu jeito de ver as coisas, começam a se sobrepor e eventualmente confrontar o que todas as pessoas a sua volta disseram. Algumas vezes, você pode concordar; outras, você vai discordar. E assim, a verdade se prova sempre relativa, subjetiva, baseada nos anos vividos por cada pessoa, em cada dificuldade encontrada e em cada obstáculo superado. Ou seja, a verdade de uns, pode não ser a verdade para outros.
Eu descobri também que se você aceitar a verdade das pessoas sem questionar, você é um completo imbecil. Não sei o motivo, mas com certeza suas chances de não sofrer ou não tomar caminhos errados na vida são muito pequenas. Todos tomamos caminhos errados e sofremos, mas você, será um recordista.
Também não estou falando para que você, desconfiado que é, trate as pessoas como mentirosos enganadores. Mas parar pra pensar, respirar e analisar a coisa com a cabeça fria, ajuda a evitar muitos males, para todos os lados envolvidos. Comparar o que você acha de tal situação com aquela opinião que foi proposta, ajuda você a ter uma visão mais clara e objetiva daquilo. Em certos casos, você pode evitar muito sofrimento, para você, e para os outros.
Acredite nas suas verdades, naquelas que vêm de dentro da sua alma. Aquelas que não te fazem o coração doer, ao contrário, prestando atenção nele, você percebe que “ele” se sente bem. Essa sensação indica provavelmente que isso condiz com o que o seu eu mais antigo, antes dessas opiniões do mundo externo transformarem você num compartimento de lixo, está concordando com sua opinião. Assim, você vai sofrer menos, viver mais, e terá mais bom senso para lidar com as pessoas e com as situações.
Agora, uma exceção: se você acreditar em seu coração, na sua alma, e depois descobrir que estava redondamente enganado, não se preocupe. Você é um azarado, mas seu cérebro vai impedir que seu coração fique muito machucado. Chega uma hora em que a dor pode ser insuportável, e sua cabeça começa a tomar o controle para te trazer de volta para a luz. Isso acontece as vezes, porque, no fim das contas, sua alma sabe apenas o que é bom para você, e não para as pessoas a sua volta.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Nunca é tarde para evoluir seu pensamento.
Pense em seus amigos. Pense em sua família. Se você quebrar suas duas pernas agora, quem vai cuidar de você? O que você faz por você, que influencia positivamente na vida das pessoas a sua volta?
Nos últimos meses, tenho pensado muito nisso. Na verdade, durante anos eu penso em coisas desse tipo, mas só no último ano, quando me aproximei dos meus 29 anos, que comecei a ficar realmente mal por não ter achado um caminho. Digo isso pois, a teoria é clara em nossa cabeça, mas você tomar atitudes concretas para realizá-la, é completamente diferente.
Sempre me incomodou o tempo que demorei para tomar certas atitudes em minha vida. As vezes passo a impressão que sou um pouco acomodado, mas minha cabeça ferve de uma maneira que me paralisa, se eu não me concentrar muito. Aliado a isso e à ansiedade que me consumiam, vivia num estado latente de planejar e planejar meticulosamente os meus passos para me tornar uma pessoa de sucesso, mas não conseguia sair do primeiro ou segundo passo.
Então em um determinado momento, percebi que precisava começar. Fui investigando as crenças que me moviam, o que me faziam ser quem sou. Você sabe quem você é?
Queria saber de onde eu tirava as bases das minhas atitudes, e isso você descobre investigando justamente as coisas em que você acredita.
Acredito em família, no amor. Acredito na generosidade das pessoas, em fazer o bem por fazer, para ver os outros bem resolvidos ou acalentados de alguma maneira.
Acredito que o esforço leva sempre a algum lugar melhor do que o que você estava antes, e que sem esforço não há honra. Tanto física como emocionalmente, deve haver luta para haver conquista. (mas eu também gosto de fazer uma preguiça né)
Então, após refletir sobre tudo isso, comecei a agir. Com a ansiedade tentando me dominar as atitudes, tive que ir controlando-a com muita reflexão. Sozinho isso não foi fácil, e posteriormente acabou me consumindo um pouco da saúde. Pensar em todas as coisas que eu preciso fazer, e pensar no tempo e na demanda que isso necessitava, me deixaram aflito. A impressão de que cada atitude tomada, e que não produz um resultado visível imediato fosse inútil, tornou-se presente. Foi preciso muita reflexão pra continuar a fazer as coisas a que me dispus, pensando que no futuro isso renderá bons frutos. Nunca fiz isso direito em minha vida. Mas nunca, meu amigo, nunca é tarde para começar. Não importa o quanto algumas pessoas a sua volta não dêem valor a isso, nunca deixe de acreditar que, se você for movido por amor e esperança, para ajudar você a se sentir uma pessoa melhor e evoluída e conseqüentemente as pessoas a sua volta, isso vale a pena sim. Sempre.
Tempos depois de começar a organizar-me para fazer as coisas direito, tive um ataque de ansiedade violento, que me assustou. A pressão por ignorar a ansiedade e tentar focar, cobrou seu preço. Fiquei mal, e percebi que tem certas coisas fora do controle das pessoas, fora do controle do pensamento. Seu corpo age independente da sua vontade.
Bem, então aqui vai uma coisa que eu aprendi. Faça o melhor que você pode, para ser uma pessoa melhor. Pessoa melhor, entenda como alguém tolerante e amoroso, paciente, que sabe que as pessoas são diferentes umas das outras. Goste das pessoas como elas são, e aprenda a ver as coisas boas nelas. E sendo uma boa pessoa, não procure que as pessoas enxerguem isso de uma hora para a outra. Fique ciente de que elas podem ignorar isso, as vezes. Deixe os erros do passado para trás, aprenda com eles e evolua, porque, acredite, isso é possível. Com 20, 30 ou 50 anos, você pode refletir e agir de uma maneira melhor com as pessoas. Não deixe o passado te desanimar. Experimente o hoje. Aos seus pares, veja o que eles fazem hoje e não os condenem por erros do passado. As pessoas erram, cada um está em um caminho. Se você gosta da pessoa ao seu lado, e vê esforço, dê o valor que esta pessoa merece. Porque ela vai ser grata eternamente a você por essa prova de amor. As vezes você pode não enxergar avanços a olho nu, mas nas atitudes você já percebe que aquilo renderá frutos dali uma semana. O que vale é acreditar nas pessoas, senhoras e senhores. E enxergar as nuances por cima dos defeitos. E acima de tudo, acredite em si mesmo. Cada atitude sua, levou você até esse momento. E todas elas terão conseqüências. Assuma as conseqüências dos seus atos, e aprenda a fazer as coisas direito para não olhar com pesar essas atitudes.
Portanto, o valor de cada pensamento e ação conseqüente desse pensamento que você tomar agora, terá que ser feito com amor. Por mais insignificante que seja.
Enfim, isso está mais para um desabafo do que para um conselho. Você pode achar que as pessoas a sua volta, não dão valor ao que você faz, mas o importante é você fazer o certo, e você saber disso. E se as pessoas a sua volta gostam realmente de você, você não precisará colocar num cartaz gigante seus avanços, que elas vão enxergar sozinhas.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Ensaio 3 - Do conhecimento
“Então, como sempre acontece, minha atenção é tragada abruptamente para o Tomo a minha frente. O significado das palavras onde meus olhos tocaram invadem minha mente, e minha cabeça parece atravessada por mil agulhas. O café queima meu estômago, minha visão fica embaçada e de repente, a dor passa. Há vários odores novos agora. Um ruído distante perturba o silêncio, de leve. A luz diminuiu consideravelmente, e a única coisa que consigo enxergar com clareza são as grossas páginas do manuscrito à minha frente. Mas ele não está mais em minha escrivaninha.
Não estou mais em meu quarto.”
Não estou mais em meu quarto.”
A primeira vez em que estive naquela biblioteca, não sabia realmente o que aquele lugar representava. Não tinha a ideia de onde estava, e até hoje reluto em deduzir como fui parar lá. São perguntas que deixei de fazer a mim mesmo há anos. É melhor assim.
Algumas pessoas podem achar loucura, mas essa primeira visita foi durante um sonho. Não lembro exatamente, mas de repente, estava lá. E sabia, naquele momento, que estava sonhando. Tinha consciência de que estava deitado em minha cama, e que ninguém iria me acordar, caso fosse um pesadelo.
E pessimismo à parte, foi o pior de todos os pesadelos que já tive. Pois nessa noite, em que roubei o Natalis Corruptione da biblioteca que guarda todo o conhecimento que nós não deveríamos ter, tive a consciência plena (quando caímos na água e não sabemos nadar, somos ingênuos, ignorantes; vemos nosso corpo afundar e não entendemos. Porém, quando aprendemos a flutuar na água – geralmente apenas deixando nosso medo de lado – não conseguimos entender como não sabíamos isso antes – e jamais esquecemos a lição – isso é adquirir consciência de algo que sempre esteve ali, mas precisamos de um gatilho para enxergar) da natureza daquele antro, e percebi que minha alma estava perdida. Mesmo assim, com o tomo colado ao peito, corri para salvar pelo menos minha mente – já que era apenas questão de tempo até meu espírito ser consumido e destruído. Como saí? Mais perguntas sem resposta.
Mas, se era um sonho, porque todo esse drama? Bem, posso responder com outra pergunta, ao acordar: o que aquele velho tomo carcomido de séculos de idade estava fazendo caído ao lado da minha cama? E minhas roupas amarrotadas, a dor no corpo, as feridas? De onde viera tudo aquilo?
Não, não acredito que foi um simples sonho. Pode ter começado como um, mas definitivamente não acabou apenas em minha mente. O livro estava ali, ao meu lado. E ficou ali jogado por semanas, sem que eu tivesse coragem sequer de entrar no quarto e olhar pra ele.
Mas, o ser humano é curioso por natureza, e após seis semanas dormindo no sofá, num repente ato falho sai correndo quarto adentro, peguei o grande Natalis Corruptione, coloquei em meu colo e abri suas velhas páginas.
E descobri que sabia flutuar.
nota: Esses ensaios fazem parte de um projeto maior, por isso são fragmentos apenas.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Ensaio 2 - O Espelho
Olhos fechados. Sentia uma tênue brisa tocando meu rosto. Hálito sepulcral, disfarçado de brisa de outono. O som ao longe sumiu por completo. Sentia meu coração aos pulos, balançando todo meu corpo. E sentia o livro agarrado com força. A única ligação com o mundo real que sobrara pra mim.
Mil pensamentos berravam em meu cérebro atormentado. Não conseguia raciocinar. Todas as malditas idéias que me fugiam nos tempos de escritor, agora insistiam em aparecer, de uma vez só. Lembranças de antigamente, da época de criança; lembranças da semana passada, e da morte do meu avô. Flashs de todas as épocas, e acontecimentos que jamais havia vivido (Lembranças do futuro?). Parecia que havia perdido o controle sobre a minha consciência, sobre o meu raciocínio, mas continuava completamente lúcido.
Abri os olhos. Sentado eu estava, num lugar que lembrava um pouco meu quarto. Não havia muita luz; uma iluminação bruxuleante, ligeiramente azulada, brotava de todos os lugares, e lugar nenhum. Já não havia mais a escrivaninha a minha frente. O carpete continuava lá, embora o desenho estivesse um pouco distorcido.
Então, duas coisas aconteceram. A primeira foi que meus pensamentos se aquietaram e consegui repentinamente raciocinar. A segunda foi que com o controle da minha mente veio também a consciência de onde estava. Sentado, imóvel, desviei meus olhos para a parede, e avistei o quadro com a pintura do espelho. Ele continuava lá, mas exatamente naquele canto, a luz não batia; e se eu quisesse ver o quadro, teria que me levantar e me aproximar.
Mas porque diabos gostaria de ver aquele quadro bizarro e inquietante, vocês podem se perguntar? Ora, a resposta é bem simples: a curiosidade inerente ao ser humano, havia dominado completamente meu ser. Antes tomado de medo do desconhecido, agora algo em meu íntimo não sentia qualquer ameaça a minha volta, dando lugar a uma curiosidade natural. E sem pensar mais uma vez, levantei-me, deitei o livro sobre a cadeira, e me aproximei do quadro.
Havia o espelho, pintado num fundo negro. Bem de perto, podia ver suas bordas escuras. Mais que isso, sentia uma leve brisa sair do quadro. Parecia que no lugar onde deveria refletir-se minha imagem, caso fosse um espelho e não uma pintura, havia um buraco. Pude perceber que naquele ponto, o espelho não estava mais negro. Parecia uma janela para uma paisagem.
“Havia um grande pântano atrás daquela janela. Galhos ressequidos, lodo exalando gases venenosos, algumas raízes tentando brotar e sobreviver em meio à entropia que dominava aquele lugar. Nada se movia, exceto a brisa que soprava em minha direção. Vasculhei com os olhos algum outro detalhe, e longe, bem ao fundo, percebi uma estrutura maior que o monótono emaranhado de galhos, raízes e espinhos. Era uma árvore, enegrecida pela falta de luz e pela podridão do lugar. Em seus galhos podiam-se ver pendurados uma espécie de frutos disformes, escuros, respingando no solo como se estivessem muito maduros.”
O medo que tomou conta de mim ao avistar o corvo pousado em um dos galhos da árvore, esse não posso descrever. Assim que botei os olhos naquele ser, percebi que estava me observando o tempo todo, e mais, sabia quem eu era, e o que estava fazendo ali. Tomando de saber que não deveria sequer ter conhecimento.
Tive nojo. Ao mesmo tempo, o corvo bicou um dos frutos e sorveu a seiva que dali brotava. Senti em minha cabeça as idéias voltando, insanas, e pensei que ela fosse explodir. Dei alguns passos pra trás e tropecei em algo no chão. Desabei, senti a cabeça batendo na cadeira onde havia deixado o livro.
Escureceu.
01:37 am
Acordei aos pés da minha cama. Estava suado e dolorido. O quarto, mergulhado numa penumbra densa e confortante. A luz da lua entrava pela janela, iluminando a mesa onde eu passo horas do meu dia.
Mais um sonho recorrente. Lúcido, lembrei de todos os detalhes e rapidamente os passei para o papel. Todo o conhecimento que adquiria com essas experiências eram proveitosas para o que estava por vir.
A árvore, o pântano, o corvo. Todos tinham seu significado. E eu começava a entender todos eles, aos poucos. Isso era até perigoso, mas eu sabia, quando havia aceitado aquele trabalho, que as coisas jamais seriam como antes.
Terminei de anotar os detalhes daquele pesadelo e sai do quarto. Atravessei o corredor até a porta do porão. Em frente a esta, uma outra porta, de metal. Destranquei-a com a chave que permanece em meu bolso e peguei a pistola carregada que guardava para ocasiões como essa. Junto a ela, um comprido casaco escuro. Peguei-o também. Uma longa viagem era necessária.
Voltei para o quarto. O livro. A maleta. O cinto de couro. Os frascos de remédios e meu cantil com água. Estava tudo lá. Esperando por mim.
Deixei a casa mais uma vez. Ao longe, depois das montanhas, dava para ver o reflexo de algo no céu. Ali ficava o deserto. Onde a escuridão tinha um significado completamente diferente do que você conhece. E era ali que eu ia encontrar, mais uma vez, o pistoleiro.
The Mirror
Sinta seu corpo. Cansado, após um dia de trabalho. Ou então, deitado em sua cama, o notebook no colo. Relaxado. Confortável, após um banho quente.
Você está vivo. Por quê?
Imagine um espelho.
Olhe para dentro do espelho, que jamais engana. Olhando a figura que ele reflete, você verá não só sua imagem, como o interior do seu ser. Todos buscamos saber o propósito de nossa existência, e algumas pessoas estão no caminho certo, enquanto outras não (a maioria, acho eu).
O espelho não mente. Ali, entre você e ele, você sabe a verdade. Você deixou todas as convenções sociais para trás, e está sendo sincero consigo mesmo, no silêncio dessa espécie de auto-contemplação. Ou seja, você pode ser falso, hipócrita, ou enganar a si mesmo na frente das outras pessoas, mas olhando pra si mesmo ali, sabe, em seu íntimo, as verdades que guiam seus passos.
As pessoas reclamam de suas segundas-feiras. Reclamam de feriados curtos. Reclamam do governo. Reclamam das filas. Eu, particularmente, não vejo sentido em você começar uma semana reclamando do primeiro dia. Se pararmos para pensar, você está maldizendo cinco dias da semana e enaltecendo apenas dois. Ou seja, você odeia praticamente 70% da sua semana. Você deveria gostar do que faz na maior parte do tempo, porque é sua VIDA. Os dias não podem ser jogados fora.
E isso nos trás à contemplação interior e a uma pergunta que está ligada a cada atitude que tomamos a vida toda:
Qual o propósito da sua existência?
Se você estudar pelo menos um pouco da Teoria da Evolução Natural de Darwin, e perceber algumas coisas sobre a obra prima chamada Ser Humano, você vai saber, de cara, no íntimo do seu ser, que você não está aqui a toa. Digo, a teoria da evolução utiliza o termo aleatoriedade para definir algumas peças chave da seleção natural, mas o ser humano é perfeito demais para você achar que pode passar seus dias reclamando da sua vida de merda. Porque acredite, assim como sempre existe alguém que sabe mais que você, sempre existe alguém mais fodido que você.
A grande questão é que 90% das pessoas passam todo o tempo tentando se esquecer de que vão morrer. E fazem planos, e criam laços, e tecem sonhos, tudo objetivando ganhar controle sobre algo que está acima da sua capacidade.
Se você parar para pensar, sua vida é curta e você tem um dom muito incrível (pensamento racional + livre arbítrio) para ser o melhor que você pode. Pra que reclamar da segunda-feira, se você pode acordar e realizar algo incrível nela? As vezes, pode ser um dia cotidiano, mas o seu modo de encarar e construir aquele dia é que vai dizer se esse cotidiano vai ser um belo dia.
Nada vamos levar dessa vida para a outra, exceto nossa consciência, e o bem que fazemos para as pessoas a nossa volta. É provado que stress mata. Sentimentos de raiva, rancor, inveja, fazem mal ao organismo. Sorrir cura. Fazer sorrir, também cura. Estar de bem intimamente consigo mesmo, também faz bem. E você consegue isso vivendo cada dia de maneira completa, percebendo que só de estar ali, já deveria agradecer. E enfrentando as suas batalhas diárias com vigor e otimismo. Porque o amanhã não existe.
Olhe para o espelho, todas as manhãs. Concentre-se em ser o melhor que você poderia ser. Trate todas as pessoas como gostaria de ser tratado. Sorria. Essas pequenas atitudes podem mudar um mundo inteiro, aos poucos.
Pare de maldizer as pobres segundas-feiras.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Ensaio 1
Havia o pó.
E aqueles malditos abutres.
Bateu as pontas dos dedos nas botas, tirando um pouco da poeira incrustada nelas. Levantou os olhos, a visão aguçada buscando o horizonte.
Areia e mais areia, naquele deserto sem fim. E o sol prestes a se por.
Reiniciou a caminhada, mal sentindo as feridas nas solas dos pés. Subiu uma duna um pouco mais alta que as demais, buscando novamente a direção a seguir. Logo escureceria, e precisava arranjar um lugar para descansar os ossos.
Ouviu os coiotes ao longe e com eles, o vento sussurrando a aproximação da noite.
Era um homem velho. Sua pele podia quase ser confundida com sua roupa surrada pelo tempo, mas que mantinha ainda a resistência adquirida com tantas cicatrizes. Carregava uma jaqueta de couro cheia de bolsos. Vestia duas calças, uma jeans e uma de couro por cima. Debaixo da jaqueta, trazia um colete trançado de couro e fibras, onde ficavam penduradas sob as axilas as duas pistolas, prontas pra matar.
As caçadoras. Duas pistolas antigas, prateadas, de canos longos.
Havia matado algumas dezenas com aquelas armas. Tinha aleijado outro tanto com elas.
Porque matar não era divertido.
Diversão era fazer o sujeito se lembrar permanentemente do seu crime.
Diversão era tirar o instrumento que o pecador mais apreciava.
Adorava arrancar os testículos dos infelizes com as balas de prata.
A prata e o pó em que embebia suas balas retardava enormemente a cicatrização dos danos que causava. E isso era bom. Uma memória permanente.
Deliciava-se ao ver as lágrimas escorrendo dos olhos secos dos canalhas, estes sabendo que algo em sua anatomia mudara definitivamente.
Pecadores. Havia cansado de toda aquela merda. Sabia que deveria ser feito algo, e assim decidira.
E pegara estrada.
Acabou de mascar a palha. Escarrou no pó, olhou em volta com ar cansado. Ao longe, o sol avermelhado se punha rapidamente. A noite não demoraria a chegar, e com ela, todos os seres que com ela acordavam. Era preciso silêncio e meditação, àquela hora.
Aquele deserto era o maior de todos. A areia e o pó guardavam séculos de caminhadas e sofrimento, de batalhas, sangue e ossos. De excrementos e restos orgânicos de todos os tipos. De máquinas. Um milhão de pessoas haviam passado por ali, muitas delas não chegando ao limite. Era um deserto de morte, cruel com os incautos. Não havia perdão para aqueles que o desafiavam sem o devido temor.
Acendeu a fogueira e colocou a panela de ferro, carcomida pelo tempo e pelo uso para esquentar o resto de ensopado. Retirou da mochila o pequeno espelho ornamentado e colocou deitado para baixo na areia. Sobre o espelho derramou um pouco de areia branca, e desenhou um símbolo com os dedos. Sempre fazia seu ritual na mesma ordem, para não se esquecer de nada. Um detalhe esquecido, e as sombras desceriam sobre a fogueira.
E sobre sua alma tão disputada.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
A Luta em frente ao espelho
Um ano sem escrever. Da última vez, havia decidido postar algo todos os dias, mas fracassei miseravelmente. E qual importância tem isso, vocês devem se perguntar?
Bem, para mim, muita. Primeiro porque esse é um ciclo que se repetiu por muito tempo em minha vida, e segundo porque eu adoro escrever. É a coisa que mais me satisfaz na vida. Poder escrever, me expressar em palavras. Não importa quem vai ou não ler, apenas escrever.
Foram anos lendo, e ensaiando escritos. Não que eu seja um expert em gramática portuguesa, pelo contrário, eu não suporto aulas de português. No sentido técnico da palavra. Confio num bom dicionário ao meu lado e, eventualmente, no google.
Pois bem, estou aqui hoje para falar a respeito de duas coisas importantes em minha vida.
O instinto e a razão.
Arte de horiyoshi |
instinto
[Do lat. instinctu.]
Substantivo masculino.
1.Fator inato do comportamento dos animais, variável segundo a espécie, e que se caracteriza, em determinadas condições, por atividades elementares e automáticas:
o instinto migratório de certas aves; o instinto de sucção dos mamíferos.
2.Forças de origem biológica inerentes ao homem e aos animais superiores, e que atuam, em geral, de modo inconsciente, mas com finalidade precisa, e independentemente de qualquer aprendizado:
instinto gregário; instinto sexual; instinto maternal.
3.Tendência natural; aptidão inata.
Possui instinto musical;
É conciliador por instinto.
4.Impulso espontâneo e alheio à razão; intuição:
Escolheu, por instinto, a pessoa indicada para o cargo; Seu instinto o levou a cancelar a viagem.
***
[Do lat. instinctu.]
Substantivo masculino.
1.Fator inato do comportamento dos animais, variável segundo a espécie, e que se caracteriza, em determinadas condições, por atividades elementares e automáticas:
o instinto migratório de certas aves; o instinto de sucção dos mamíferos.
2.Forças de origem biológica inerentes ao homem e aos animais superiores, e que atuam, em geral, de modo inconsciente, mas com finalidade precisa, e independentemente de qualquer aprendizado:
instinto gregário; instinto sexual; instinto maternal.
3.Tendência natural; aptidão inata.
Possui instinto musical;
É conciliador por instinto.
4.Impulso espontâneo e alheio à razão; intuição:
Escolheu, por instinto, a pessoa indicada para o cargo; Seu instinto o levou a cancelar a viagem.
***
razão (resumido) [Do lat. ratione.] Substantivo feminino. 1.Faculdade que tem o ser humano de avaliar, julgar, ponderar idéias universais; raciocínio, juízo. 2.Faculdade que tem o homem de estabelecer relações lógicas, de conhecer, de compreender, de raciocinar; raciocínio, inteligência. 3.Bom senso; juízo; prudência: A razão nos obriga a ser cautelosos. Nós, pessoas, vivemos em um conflito eterno entre essas duas verdades. O instinto primitivo, e a necessidade de civilidade e sociedade. As sociedades humanas obrigam as pessoas a seguir a razão, ditada, via de regra, para manter-nos sob um controle pré-determinado. O desequilíbrio gerado em uma pessoa que não consegue conciliar razão e instinto (emoção), é várias vezes catastrófico. Essa inteligência emocional que nos rege silenciosamente é um fator importante, e que dentro de mim vive em constante conflito com a razão. Minha alma pertence a um Tigre e a um Samurai, lutando pelo poder. Eles vêm rolando colina abaixo anos a fio, degladiando-se e tentando provar sua verdade. Percebo que às vezes, se você fechar os olhos e se entregar ao domínio do Tigre, ele guia você com confiança, baseado em seus sentidos aguçados. As coisas mais interessantes e de beleza natural, são realizadas pelo Tigre. Mas é muito difícil entregar o poder a ele, pois você nunca sabe se vai conseguir retomar o controle. Por vezes, o Samurai assume o comando, e adormece o Tigre. O Samurai pensa cada ato, e usa de sua técnica milimétrica para realizar seus intentos no ego. E é tão difícil de domar quanto o Tigre sedento. Seu cérebro diz uma coisa, e seu coração contradiz. E isso jamais pode acontecer. Descobri que há chance de paz entre eles. Se o Samurai seguir o faro e astúcia do Tigre, eles podem trabalhar juntos e alcançar feitos incríveis. Quando o cérebro conscientemente incentiva seu coração, não há como você sentir-se mal. É aquela sensação de bem estar, de paz interior que todos deveriam estar buscando, acima de qualquer outra coisa. Pois isso se reflete em suas atitudes com os outros, em querer bem ao próximo, em ter pensamentos positivos a respeito da sua vida nesse pedaço de Terra, de maneira que você não invada o espaço do outro, exceto para fazer-lhe bem. Acho que todos devemos manter o samurai no controle, mas sempre prestando atenção nos instintos naturais do tigre que vigia e protege o ser humano de virar uma máquina fria, num futuro não muito distante. |
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Verdades Absolutas - Parte 1 de 365
Dizem que depois dos trinta anos, é muito difícil você moldar sua própria personalidade. Não sei de onde tiraram essa conclusão, mas eu resolvi acreditar parcialmente nela. Mesmo porque, tento me habituar a não crer em verdades absolutas. Murphy tá aí todo dia pra nos lembrar que as regras existem para serem quebradas, quase sempre.
Sendo assim me restam 355 dias para mudar os aspectos da minha personalidade que não me agradam. Pra começar, minha péssima memória vai me atrapalhar. Não que isso seja diretamente um fator da minha personalidade, uma vez que pode ser stress ou problemas psiquiátricos ou neurológicos, mas de certa forma essa memória fraca influencia na minha relação com a sociedade e nas minhas convicções, alterando padrões da minha personalidade, sob o ponto de vista externo (das outras pessoas).
Exemplo: Ontem, dia 08/06/2010, decidi fazer um regime vegetariano. Não que eu não goste de carne, mas aí vi um banner de propaganda vegetariana (segue abaixo), e refleti um pouco sobre o assunto.
A questão é bem complicada porque eu não como cachorros. Mas existem culturas nesse mundo que comem, e pra eles é natural. E como não somos a cultura “correta” (ao meu ver cada povo, cada sociedade, possui um desenvolvimento diferente), então cachorros e galinhas são da mesma natureza.
Voltando ao assunto principal, que era a minha memória, acordei ontem e depois de umas propagandas vegetarianas decidi levar meu dia dessa maneira. No almoço e durante a tarde evitei qualquer tipo de carnes, optando por legumes, verduras, cereais, queijo, frutas, etc. Estava tudo indo muito bem quando cheguei em casa e tinha uma LASANHA prontinha, me esperando, com presunto dentro (porco fatiado). É nesse preciso momento, quando meus olhos entram em contato com a bela massa pronta, inundada por um molho de tomate muito convidativo (sangue?), é nesse preciso instante que minha memória se apaga. Esqueci do regime vegetariano, do porco que morreu, do molho que parecia sangue sobre a “vítima” e em uns três bocados acabei com ela. Depois, a memória voltou.
Fui dormir, não com peso na consciência propriamente dito, mas pretendendo ser mais atencioso e ter mais força de vontade no dia de hoje, se quisesse continuar com a experiência de evitar os animais mortos na minha alimentação.
Acordei com uma puta vontade de comer picanha.
E aqui voltamos a falar dos 355 dias que me restam para moldar minha personalidade, para domar meu ego e os duzentos “gugas” que existem dentro de mim, e guerreiam para tomar o controle. Citei esse episódio de lapso de memória pois, quando durmo, acordo igual um zumbi no dia seguinte. Tipo, na primeira hora acordado não sei nem soletrar meu nome, faço as coisas por instinto. Banho, trocar de roupa, etc. Nenhuma das resoluções do dia anterior são lembradas, até que postas a prova. As vezes nem assim.
Então (alguém me disse uma vez: “nunca comece um parágrafo com ‘então’”), vou usar meu blog para ilustrar algumas reflexões sobre essas mudanças na personalidade humana, não necessariamente ligadas a minha pessoa.
Como eu estou trabalhando e perdi completamente minha linha de raciocínio aqui, depois eu volto e escrevo mais.
terça-feira, 30 de março de 2010
Nonsense
É impressionante como as coisas as vezes perdem completamente o sentido, se vistas de certos ângulos. Você acredita em algo, tem ideais que procura, na medida do possível, seguir. Mas seus caminhos nem sempre são traçados a partir desses ideais.
Você acorda todos os dias e vai para o trabalho. Pega o ônibus lotado. Depois de uma semana já decora o rosto de todos ali. A cada dia, no caminho entre sua casa e seu trabalho, interage com as mesmas pessoas extremamente mal humoradas de manhã. Cada uma delas com o semblante sério, uma ou outra mais educada ou com uma expressão agradável no rosto.
Mas todas as outras, emburradas. Pensativas.
Autômatos.
E aqueles com seus veículos próprios. Ouvindo o noticiario, ou uma rádio qualquer, tomando café de máquina num copo plástico. Pensativos, dirigindo mecanicamente para seus empregos, para suas tarefas diárias.
Não é difícil notar, se você prestar atenção, em duas atitudes na maioria (mas não em todas) das pessoas a sua volta.
Hipocrisia (hypocrisis)
Egoísmo (selfishness)
Quantas vezes você já fez algo em detrimento do seu próprio bem-estar, pelo do próximo?
Não, não sou santo. Não sou um poço de filantropia ou algo parecido. Mas repentinamente fiquei cansado. Pensei que era uma crise existencial, estudei os fatos e reflexões e percebi que realmente era uma crise existencial.
Minha vida toda fiquei afogado em uma espécie de inércia. Não refleti profundamente sobre isso, de maneira a descobrir o que aconteceu para as coisas serem assim. Não sei que fatores externos (familiares) ou internos possam ter me colocado nesse turbilhão de falta de iniciativa.
Percebi que as pessoas que queriam ser algo, corriam atrás desse algo. E que as pessoas que não o faziam eram consumidas pela hipocrisia, pelo egoísmo, achando que o mundo deveria dar-lhes aquilo que eram incapazes de buscar, aquilo que por direito seria seu se elas se dispusessem a lutar.
Quase me tornei uma dessas pessoas.
Então repentinamente me dei conta da ausência da felicidade em minha vida. Da completa falta de propósito e objetivo na minha existência.
Não, não sou depressivo, porra. Ausência de felicidade não é necessariamente infelicidade. Apenas me dei conta que meus sonhos estão ao meu alcance, mas tenho deixado minha vida caminhar sem mim, diante dos meus olhos estáticos, enquanto poderia estar arriscando mais e vivendo de verdade. Tenho um milhão de idéias todos os dias, e as deixo morrer sem ao menos lhes dar um pouco de esperança de se tornarem atos.
Eu não me importo com nada disso a minha volta. O mundo hoje como anda, está decadente e nos faz desgostar dele. Um mundo de aparências, de juízos e de um caos aleatório que pode te matar no próximo segundo, jogando todos os seus planos pelo ralo.
Sabe o que realmente eu quero? Uma casa simples na praia, aconchegante. De madeira, de preferência. Ter minha conexão com a internet. Escrever, que é o que eu mais gosto nesse mundo. Quero estar em uma cidade próxima do meu filhote, uma vez que as chances dele estar neste sonho comigo são quase nulas.
Quero ter minha biblioteca. Meus vinhos. Quero ter minhas músicas. E aprender a tocar violão. Quero sair comprar pão, e dar um bom dia realmente bem humorado para o padeiro.
Porque mal humor de manhã é assinar a própria sentença de morte daquele dia.
Quero ter uma lareira. E uma cozinha bem equipada, porque adoro cozinhar.
Quero ter alguém para quem eu cozinhe.
Quero um DVD, e uma dvdteca com todos as centenas de filmes que eu adoro. Quero ter um jardim, com minhas plantas, plantadas pelas minhas mãos.
Eu fico indignado com o modo como as pessoas encaram a humanidade hoje em dia. Como acham natural o rumo que as coisas estão tomando. Não sou pessimista e nem estou deprimido. Pelo contrário. Adoro viver. Gosto da tecnologia. Admiro grandes pensadores, grandes cientistas.
Mas o mundo está caminhando para a ruína. O ser humano está cada vez mais voltado para seu próprio umbigo. As pessoas não se cumprimentam na rua. Elas se olham, assustadas. A cultura e as tradições estão se perdendo. Não que eu seja um tradicionalista. Mas as coisas não chegaram ao ponto em que estão, avaliando o lado bom da coisa, sem um padrão e sem uma teoria muito bem pensadas.
O capitalismo me mata. Quando seu humor, quando seu ânimo depende do quanto você tem na conta bancária, pode acreditar que você tem um problema de prioridades na sua vida. A grande questão é que o modo de vida hoje não nos deixa outra opção. Devido à frieza das pessoas e do egoísmo epidêmico com que convivemos, estar sem dinheiro significa, quase que literalmente, estar sozinho. Você depende de almas bondosas e com uma visão um pouco mais visionária de mundo para avançar.
Acredito que o potencial de evolução intelectual de uma pessoa dependa exclusivamente de duas coisas: ou dela ser um gênio e suas habilidades saltarem a vista, ou dela ter dinheiro para poder realizar os cursos, a faculdade, e o que mais for para aprender e ser o que quiser. E isso é muito frustrante. Porque uma pessoa não deveria escolher o que ela quer aprender ou ser pelo poder aquisitivo. Ela deveria poder aprender o que quisesse, para evoluir o máximo possível.
Por isso que estou frustrado com as pessoas.
Tipo, vai no shopping. Todas as garotas vestidas do mesmo jeito, penteadas iguais, maquiadas iguais, comprando nas mesmas lojas e comendo nos mesmo lugares. Comprando toneladas de lixo.
Ai voce tenta conversar com QUALQUER uma delas. Dá até medo.
Eu ouvi uma conversa na faculdade, o cara falando pra rodinha toda que tal noite eles passaram de carro numa rua onde ficam uns “travestis de programa” e, com um taco de base ball iam tentando acertá-los. Algum comentário sobre isso? Que tipo de mente pode achar isso uma diversão normal?
Quem consegue se acostumar com isso? A internet emburrecendo as pessoas, ao invés do contrário. As linguagens usadas cada vez mais coloquiais e irritantes, como o miguxês, tiopês e o caralho. Alguém aí confia na Wikipédia? As pessoas sabem que aquilo é escrito por QUALQUER PESSOA? Tudo bem, alguém vai lá e corrige uma besteira, mas no final das contas depende de boa vontade. Não tem um padrão de qualidade, enfim....prefiro rir lendo a desciclopédia, do que arriscar usar uma informação na Wiki. E nota: procure alguma coisa no google: 98% das vezes os primeiros resultados são nela. =/
Enfim, o ser humano me desanima. As pessoas não seguem ideais, não têm valores e o dinheiro trás “amigos”, “inteligência”, “beleza”. Para onde esse mundo está indo, realmente?
segunda-feira, 29 de março de 2010
Surreal
Deitado, olhando o branco do teto. Pensando. Sempre pensando. Curiosamente, percebi que há vinte e oito anos penso sem parar. Porque mesmo quando a mente esta vazia, você está pensando em algo.
Apago a luz para tentar dormir. Tentar, eu digo, pois sou daquelas pessoas que não desligam a cabeça ao se deitar. Os pensamentos florescem, as preocupações ficam gritando em sua mente para que você as transforme em passado. Os acontecimentos recentes que produziram sensações mais fortes voltam e voltam a mente. Ou seja, deitar para dormir, só depois de resolver todo esse mar de pensamentos que insistem em manternos acordados, isso porque raramente eu deito com sono.
A escuridão me envolve e o até então teto branco vira uma sombra, já que pela janela do quarto não entra qualquer claridade. Continuo de olhos abertos, como de hábito. Olhando aquele vazio que não é negro, e que as vezes toma a forma dos pensamentos quando deixamos de prestar atenção nele.
De repente, uma luz estranha surge diante de meus olhos. A princípio bem fraca, ela cresce em tamanho e ocupa todo o meu campo de visão. No teto. Levemente esverdeada. Dormi, pensei.
Sinto os olhos abertos, pisco-os e esfrego com os dedos. Nunca antes havia sentido essa sensação incrível de imaginar-se a sonhar. Consciente da realidade a minha volta – a cama, a parede, e o reflexo verde da luz na janela de metal – reafirmo que não estou sonhando. Fecho os olhos e a luz some – para reaparecer quando volto a abrir os olhos.
Sorrio por dentro (e por fora também – dá pra sentir os lábios se abrindo num sorriso de incredulidade), o que diabos está acontecendo? Não tenho medo, apenas uma curiosidade aguda sobre aquele fenômeno estranho. Mas continuo deitado, observando, deixando a mente divagar, e se fosse um alienígena prestes a me fuzilar, eu realmente não teria oferecido resistência. Falta de instinto de sobrevivência ou simplesmente incredulidade no que estava acontecendo.
Resolve descartar qualquer hipótese absurda, de ilusão de óptica ou alienígenas flutuando no teto do meu quarto – levanto e vou ao interruptor acender a luz.
A luz esverdeada some, mas eu procuro qualquer indício dela no teto bem acima de onde eu estava deitado. E acho.
Um pequeno e inocente vagalume.
Apago a luz para tentar dormir. Tentar, eu digo, pois sou daquelas pessoas que não desligam a cabeça ao se deitar. Os pensamentos florescem, as preocupações ficam gritando em sua mente para que você as transforme em passado. Os acontecimentos recentes que produziram sensações mais fortes voltam e voltam a mente. Ou seja, deitar para dormir, só depois de resolver todo esse mar de pensamentos que insistem em manternos acordados, isso porque raramente eu deito com sono.
A escuridão me envolve e o até então teto branco vira uma sombra, já que pela janela do quarto não entra qualquer claridade. Continuo de olhos abertos, como de hábito. Olhando aquele vazio que não é negro, e que as vezes toma a forma dos pensamentos quando deixamos de prestar atenção nele.
De repente, uma luz estranha surge diante de meus olhos. A princípio bem fraca, ela cresce em tamanho e ocupa todo o meu campo de visão. No teto. Levemente esverdeada. Dormi, pensei.
Sinto os olhos abertos, pisco-os e esfrego com os dedos. Nunca antes havia sentido essa sensação incrível de imaginar-se a sonhar. Consciente da realidade a minha volta – a cama, a parede, e o reflexo verde da luz na janela de metal – reafirmo que não estou sonhando. Fecho os olhos e a luz some – para reaparecer quando volto a abrir os olhos.
Sorrio por dentro (e por fora também – dá pra sentir os lábios se abrindo num sorriso de incredulidade), o que diabos está acontecendo? Não tenho medo, apenas uma curiosidade aguda sobre aquele fenômeno estranho. Mas continuo deitado, observando, deixando a mente divagar, e se fosse um alienígena prestes a me fuzilar, eu realmente não teria oferecido resistência. Falta de instinto de sobrevivência ou simplesmente incredulidade no que estava acontecendo.
Resolve descartar qualquer hipótese absurda, de ilusão de óptica ou alienígenas flutuando no teto do meu quarto – levanto e vou ao interruptor acender a luz.
A luz esverdeada some, mas eu procuro qualquer indício dela no teto bem acima de onde eu estava deitado. E acho.
Um pequeno e inocente vagalume.
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