terça-feira, 30 de março de 2010

Nonsense

É impressionante como as coisas as vezes perdem completamente o sentido, se vistas de certos ângulos. Você acredita em algo, tem ideais que procura, na medida do possível, seguir. Mas seus caminhos nem sempre são traçados a partir desses ideais.

Você acorda todos os dias e vai para o trabalho. Pega o ônibus lotado. Depois de uma semana já decora o rosto de todos ali. A cada dia, no caminho entre sua casa e seu trabalho, interage com as mesmas pessoas extremamente mal humoradas de manhã. Cada uma delas com o semblante sério, uma ou outra mais educada ou com uma expressão agradável no rosto.
Mas todas as outras, emburradas. Pensativas.

Autômatos.

E aqueles com seus veículos próprios. Ouvindo o noticiario, ou uma rádio qualquer, tomando  café de máquina num copo plástico. Pensativos, dirigindo mecanicamente para seus empregos, para suas tarefas diárias.
Não é difícil notar, se você prestar atenção, em duas atitudes na maioria (mas não em todas) das pessoas a sua volta.

Hipocrisia (hypocrisis)
Egoísmo (selfishness)

Quantas vezes você já fez algo em detrimento do seu próprio bem-estar, pelo do próximo?

Não, não sou santo. Não sou um poço de filantropia ou algo parecido. Mas repentinamente fiquei cansado. Pensei que era uma crise existencial, estudei os fatos e reflexões e percebi que realmente era uma crise existencial.

Minha vida toda fiquei afogado em uma espécie de inércia. Não refleti profundamente sobre isso, de maneira a descobrir o que aconteceu para as coisas serem assim. Não sei que fatores externos (familiares) ou internos possam ter me colocado nesse turbilhão de falta de iniciativa.
Percebi que as pessoas que queriam ser algo, corriam atrás desse algo. E que as pessoas que não o faziam eram consumidas pela hipocrisia, pelo egoísmo, achando que o mundo deveria dar-lhes aquilo que eram incapazes de buscar, aquilo que por direito seria seu se elas se dispusessem a lutar.

Quase me tornei uma dessas pessoas.

Então repentinamente me dei conta da ausência da felicidade em minha vida. Da completa falta de propósito e objetivo na minha existência.

Não, não sou depressivo, porra. Ausência de felicidade não é necessariamente infelicidade. Apenas me dei conta que meus sonhos estão ao meu alcance, mas tenho deixado minha vida caminhar sem mim, diante dos meus olhos estáticos, enquanto poderia estar arriscando mais e vivendo de verdade. Tenho um milhão de idéias todos os dias, e as deixo morrer sem ao menos lhes dar um pouco de esperança de se tornarem atos.
Eu não me importo com nada disso a minha volta. O mundo hoje como anda, está decadente e nos faz desgostar dele. Um mundo de aparências, de juízos e de um caos aleatório que pode te matar no próximo segundo, jogando todos os seus planos pelo ralo.
Sabe o que realmente eu quero? Uma casa simples na praia, aconchegante. De madeira, de preferência. Ter minha conexão com a internet. Escrever, que é o que eu mais gosto nesse mundo. Quero estar em uma cidade próxima do meu filhote, uma vez que as chances dele estar neste sonho comigo são quase nulas.
Quero ter minha biblioteca. Meus vinhos. Quero ter minhas músicas. E aprender a tocar violão. Quero sair comprar pão, e dar um bom dia realmente bem humorado para o padeiro.
Porque mal humor de manhã é assinar a própria sentença de morte daquele dia.
Quero ter uma lareira. E uma cozinha bem equipada, porque adoro cozinhar.
Quero ter alguém para quem eu cozinhe.
Quero um DVD, e uma dvdteca com todos as centenas de filmes que eu adoro. Quero ter um jardim, com minhas plantas, plantadas pelas minhas mãos.

Eu fico indignado com o modo como as pessoas encaram a humanidade hoje em dia. Como acham natural o rumo que as coisas estão tomando. Não sou pessimista e nem estou deprimido. Pelo contrário. Adoro viver. Gosto da tecnologia. Admiro grandes pensadores, grandes cientistas.
Mas o mundo está caminhando para a ruína. O ser humano está cada vez mais voltado para seu próprio umbigo. As pessoas não se cumprimentam na rua. Elas se olham, assustadas. A cultura e as tradições estão se perdendo. Não que eu seja um tradicionalista. Mas as coisas não chegaram ao ponto em que estão, avaliando o lado bom da coisa, sem um padrão e sem uma teoria muito bem pensadas.
O capitalismo me mata. Quando seu humor, quando seu ânimo depende do quanto você tem na conta bancária, pode acreditar que  você tem um problema de prioridades na sua vida. A grande questão é que o modo de vida hoje não nos deixa outra opção. Devido à frieza das pessoas e do egoísmo epidêmico com que convivemos, estar sem dinheiro significa, quase que literalmente, estar sozinho. Você depende de almas bondosas e com uma visão um pouco mais visionária de mundo para avançar.
Acredito que o potencial de evolução intelectual de uma pessoa dependa exclusivamente de duas coisas: ou dela ser um gênio e suas habilidades saltarem a vista, ou dela ter dinheiro para poder realizar os cursos, a faculdade, e o que mais for para aprender e ser o que quiser. E isso é muito frustrante. Porque uma pessoa não deveria escolher o que ela quer aprender ou ser pelo poder aquisitivo. Ela deveria poder aprender o que quisesse, para evoluir o máximo possível.
Por isso que estou frustrado com as pessoas.
Tipo, vai no shopping. Todas as garotas vestidas do mesmo jeito, penteadas iguais, maquiadas iguais, comprando nas mesmas lojas e comendo nos mesmo lugares. Comprando toneladas de lixo.
Ai voce tenta conversar com QUALQUER uma delas. Dá até medo.
Eu ouvi uma conversa na faculdade, o cara falando pra rodinha toda que tal noite eles passaram de carro numa rua onde ficam uns “travestis de programa” e, com um taco de base ball iam tentando acertá-los. Algum comentário sobre isso? Que tipo de mente pode achar isso uma diversão normal?
Quem consegue se acostumar com isso? A internet emburrecendo as pessoas, ao invés do contrário. As linguagens usadas cada vez mais coloquiais e irritantes, como o miguxês, tiopês e o caralho. Alguém aí confia na Wikipédia? As pessoas sabem que aquilo é escrito por QUALQUER PESSOA? Tudo bem, alguém vai lá e corrige uma besteira, mas no final das contas depende de boa vontade. Não tem um padrão de qualidade, enfim....prefiro rir lendo a desciclopédia, do que arriscar usar uma informação na Wiki. E nota: procure alguma coisa no google: 98% das vezes os primeiros resultados são nela. =/

Enfim, o ser humano me desanima. As pessoas não seguem ideais, não têm valores e o dinheiro trás “amigos”, “inteligência”, “beleza”. Para onde esse mundo está indo, realmente?



6 comentários:

Joice disse...

Na verdade é tudo muito caótico, mas já estava tudo escrito, faz parte da "Nova Ordem Mundial" eu só não quero estar aki pra ver tudo isso.. Acho q não suportaria.

Lira dos Sentimentos disse...

Para onde vai a humanidade? Boa pergunta! Essa pergunta da pano para manga, tem gente que até endoida por causa dela, mas uma vez eu conheci um homem que me respondeu... ! Até hoje ele tem respostas para minhas perguntas e olhe que eu pergunto, viu?

Kell disse...

Pessoa linda, adorei o blog e realmente concordo com este desabafo.
Temos que lutar pelo que queremos e encarar a vida com alegria.
Por outro lado a quantidade de coisas que nos fazem ter vontade de chorar, gritar, ficar puteado tambem cresce descontroladamente.
Amigo, as vezes é preciso ser egoista no sentido de que é preciso focar na nossa vida e nas pessoas que estão mais diretamente relacionadas com a gente, e desta forma contribuir para o todo ^^.

Patty disse...

Nonsense...
É a mais pura verdade. Vc tem o don de fazer a gente refletir.

@leandrodelucas disse...

Posso discordar apenas do ponto referente à Wipipedia? Quando nos virmos novamente me pergunte a respeito. Não sou muito bom em expressar idéias escritas. Prefiro fazê-lo "ao vivo".

@spasqualino disse...

Muito bom esse texto.
O tenso é que ele mostra que nós estamos nesse "ciclo" sem perceber (pelo menos no meu caso).
É como a metáfora do "Sapo e a água quente": Se colocarmos um sapo em uma panela com água quente ele irá pular para fora, mas se colocarmos o sapo na água fria e irmos aquecendo aos poucos, o sapo não perceberá e ficará na água até morrer.
Como encontrar um caminho entre a sociedade em que vivemos (com seus valores hipócritas e sua cultura de massa) e o que julgamos ser o "real" propósito da existência?