segunda-feira, 29 de março de 2010

Surreal

Deitado, olhando o branco do teto. Pensando. Sempre pensando. Curiosamente, percebi que há vinte e oito anos penso sem parar. Porque mesmo quando a mente esta vazia, você está pensando em algo.

Apago a luz para tentar dormir. Tentar, eu digo, pois sou daquelas pessoas que não desligam a cabeça ao se deitar. Os pensamentos florescem, as preocupações ficam gritando em sua mente para que você as transforme em passado. Os acontecimentos recentes que produziram sensações mais fortes voltam e voltam a mente. Ou seja, deitar para dormir, só depois de resolver todo esse mar de pensamentos que insistem em manternos acordados, isso porque raramente eu deito com sono.

A escuridão me envolve e o até então teto branco vira uma sombra, já que pela janela do quarto não entra qualquer claridade. Continuo de olhos abertos, como de hábito. Olhando aquele vazio que não é negro, e que as vezes toma a forma dos pensamentos quando deixamos de prestar atenção nele.

De repente, uma luz estranha surge diante de meus olhos. A princípio bem fraca, ela cresce em tamanho e ocupa todo o meu campo de visão. No teto. Levemente esverdeada. Dormi, pensei.

Sinto os olhos abertos, pisco-os e esfrego com os dedos. Nunca antes havia sentido essa sensação incrível de imaginar-se a sonhar. Consciente da realidade a minha volta – a cama, a parede, e o reflexo verde da luz na janela de metal – reafirmo que não estou sonhando. Fecho os olhos e a luz some – para reaparecer quando volto a abrir os olhos.

Sorrio por dentro (e por fora também – dá pra sentir os lábios se abrindo num sorriso de incredulidade), o que diabos está acontecendo? Não tenho medo, apenas uma curiosidade aguda sobre aquele fenômeno estranho. Mas continuo deitado, observando, deixando a mente divagar, e se fosse um alienígena prestes a me fuzilar, eu realmente não teria oferecido resistência. Falta de instinto de sobrevivência ou simplesmente incredulidade no que estava acontecendo.

Resolve descartar qualquer hipótese absurda, de ilusão de óptica ou alienígenas flutuando no teto do meu quarto – levanto e vou ao interruptor acender a luz.

A luz esverdeada some, mas eu procuro qualquer indício dela no teto bem acima de onde eu estava deitado. E acho.

Um pequeno e inocente vagalume.

5 comentários:

Mariana Doval disse...

Belo texto, Francisco!

Adni... millez. disse...

Hummm...

kaick disse...

Muito bom o texto...
Faz com que a gente pensa que estamos no local do ocorrido..

Parabéns!!

kaick disse...

Muito bom o texto quanto a obra de arte..
Ao ler pensamos que estamos no local da hiatória...

Parabéns!!

F. R. A. disse...

Obrigado Kaick.